Luzes
Uma vez mais me encontro
com você: amiga.
Mais um vez ondulam finas:
finas colinas em véu: tuas asas
no céu dos anjos.
E o dia se revela: arquiteturas
franjas de luz, voando.
Duros anjos, estátuas etéreas: quebras
Pedras caídas no chão.
Uma vez mais me encontro
com você: amiga.
Mais um vez ondulam finas:
finas colinas em véu: tuas asas
no céu dos anjos.
E o dia se revela: arquiteturas
franjas de luz, voando.
Duros anjos, estátuas etéreas: quebras
Pedras caídas no chão.
Te amo porque você vive
no alto da montanha
instante
num sorriso que reluz
ideias véus
muito mais ideias que fato
porque teu signo existe
como uma cova no tempo
em mim
um lugar em que teu rosto repousa
eterno
muita mais que sereias
um infinito tácito.
Acabo falando do nada
E o vento baila com as nuvens
Com a sombra das nuvens
Em bailes nítidos, imaginários
Mas sem querer
Como fazem as brisas e as sombras das nuvens
nas horas que dançam
preciso saber
Ensaios do que não posso
O horizonte está acordado
Tem os olhos atentos como os meus
Procuramos
O lugar do palco invisível no espaço
O Indiscernível inimaginável
A realidade onde um floreio aconteça
Onde uma imagem surja:
Uma perna de vento esticada
Um corpo de sombra na ponta dos pés
Talvez a realidade se desfaça em penas
Talvez se desfaça em plumas
Ideias tantas
Talvez as teias de aranha revelem finalmente
O vazio de que são feitas
E as coisas saiam da frente a revelar para sempre o que guardavam
A fina realidade em que a aranha mora.
Talvez o tamanho – limpo de tudo
Seja o de um grão
O que não palpita nem pulsa
Apenas habita
O vazio esticado
Observado por ninguém numa palma de mão.
O enterro do medo que volta a brotar
No esforço de fazer uma flor
Branca aberta
Querendo aninhar um céu todo
Um azul de grandes costas
Que afasta
Que apaga e acende nos trancos
Curtos
Circuitos.